segunda-feira, 28 de agosto de 2006

ComCiência: Qual o sentido da Web?

Seguem trechos de artigo de Mônica Macedo no ComCiência, Revista Eletrônica de Jornalismo Científico iniciativa da SBPC e LabJor.

Qual o sentido da Web?

Imagine que você esteja buscando informações sobre metrópoles norte-americanas na Internet. Entre com a palavra "metropolis" (em inglês) num programa de busca e virão respostas tão variadas quanto a revista Metropolis, a gravadora de discos Metropolis, o fórum Metropolis sobre pesquisa e políticas de migração e cidades, a página de um fã do Metropolis, de Fritz Lang e outras. Isto porque os programas não distinguem o filme da revista ou do centro de pesquisas. É claro que você pode (aliás, deve) combinar "metropolis" com outras palavras-chave, acrescentando ou excluindo termos que permitam refinar a busca, preferencialmente indicando também outros parâmetros, como data, língua ou domínio, que muitos programas aceitam na função de "busca avançada". Ainda assim, o resultado é muitas vezes desolador. São dezenas (às vezes centenas) de páginas que não interessam, tornando difícil separar o joio do trigo.

Com o crescimento exponencial da Web tornou-se difícil indexar as informações. A linguagem HTML, que popularizou a Web e é utilizada pela maioria dos sites, não possui recursos que permitam atribuir significado à informação. "As tags HTML são muito limitadas nesse sentido. Elas apenas descrevem como a página deve ser exibida e não oferecem nenhuma descrição dos dados", explica Rubens Queiroz, do Centro de Computação da Unicamp.

[...]
A Web Semântica é uma tentativa inversa de solução. Ao invés de pensar na informação para os humanos, a idéia é pensar na máquina. "Machine-understandable Information", esta é a definição da Web Semântica, segundo o "pai da Web", Tim Berners-Lee, um dos comandantes desse projeto. É curioso, claro, pois o objetivo final é atender às pessoas e não aos computadores, mas para isso é preciso construir categorias e uma linguagem que façam sentido para a máquina.

O projeto da Web Semântica, embora pareça uma novidade, não nasceu há tão pouco tempo. Capitaneado pelo consórcio W3C, ele é um sucessor do projeto Metadados, cujos princípios são os mesmos (incluir "informação sobre a informação" na Web), mas que trabalhava com linguagem (HTML), que não permite criar categorias semânticas.

[...]

Aplicações

As metas do projeto da Web Semântica são mais ambiciosas do que simplesmente permitir indexar melhor a informação da Web. Interessam as aplicações que se tornam possíveis com a utilização de categorias semânticas para descrever os dados. Quem leu o texto de Berners-Lee, James Hendler e Ora Lassila, na revista Scientific American de maio/2001, se lembrará que o início descreve o caso de Pete, um filho que busca na Internet, através de seu agente (um software robô), alternativas para a fisioterapia de sua mãe. Dispondo previamente de uma série de dados de Pete (seu endereço, seus horários, o seguro-saúde de sua mãe, etc), o agente busca na Web as informações relevantes (lista de médicos credenciados, suas agendas, etc) e em alguns minutos oferece uma lista de opções para que ele escolha a que mais lhe convém. Não satisfeito com a primeira lista, Pete pede que o agente refaça a busca de acordo com as restrições por ele estabelecidas. Desta vez, a solução oferecida é satisfatória e com algumas ações simples. Pete muda parte de seus compromissos, obtém a aceitação do agente de Lucy (sua irmã, com quem irá dividir as idas à fisioterapia da mãe) e acerta a agenda.

Todo esse cenário, é claro, ainda está relativamente distante. Além disso, as aplicações mais prováveis das ferramentas acima descritas serão o comércio eletrônico e grandes bancos de dados, como os próprios autores ressaltam. Mas, pondera Rubens Queiroz, isto não faz da Web Semântica uma má idéia. "Hoje o interesse maior é de empresas, por exemplo uma grande editora, para permitir a troca de dados. Mas sites não comerciais também se beneficiarão da utilização do XML e do desenvolvimento da Web Semântica, pois seus conteúdos serão indexados mais eficientemente pelos programas de busca e poderão ser mais facilmente convertidos em novos formatos ou ganharem novo visual", conclui.

Para quem quiser ver exemplos de sites que desenvolvem os conceitos da Web Semântica, com utilização de XML, RDF e outros, são interessantes o Projeto Dublin Core Metadata Initiative, o IMS Global Learning Consortium, que estabelece vocabulários para facilitar o aprendizado distribuído on line e, em português o Projeto RSSficado.

Mônica Macedo
© 2002
SBPC/Labjor
Brasil

Nenhum comentário: